segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

#Psicologia #SAMP #GEAP #MEDPREV

Reforço?

Skinner uma vez disse: "Prazeroso parece ser a palavra do cotidiano que é mais próxima a reforçador, mas ela cobre apenas metade do efeito".

Publico esta frase para lembrá-los de que reforçador não é apenas o que é avaliado como BOM e que ser UMA COISA BOA não é suficiente para entendermos o que é um evento reforçador. Também é preciso considerar aspectos MANTENEDORES e FORTALECEDORES dos eventos reforçadores.

#FicaADica

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Algumas Considerações Sobre Relacionamentos Amorosos e Psicologia Comportamental em "Sex and the City".

Como um amante das ciências, quando penso nos contextos que contribuem para nossas derrotas ou vitórias nos relacionamentos amorosos, já sou inclinado a pensar que as contingências do amor são complexas, exigentes e que o custo para responder a tais contingências pode ser caro e desgastante. Mas geralmente as pessoas não evitam fortemente as vivências amorosas, pois o que aprenderam com a cultura é que as consequências de uma boa relação amorosa podem valer o preço pago. Considerando este breve apontamento, vou ilustrar o tema com o relato de uma cena do seriado Sex and the City.
 
Certa vez, Charlotte (a romântica, fina e assertiva) e Carrie (a consumista, heroína e também assertiva) vão a uma palestra sobre relacionamentos amorosos em que a profissional palestrante aponta que a conquista e o desenrolar da vida amorosa depende essencialmente de uma postura mais afirmativa quanto ao que realmente é desejado. Chalotte questiona o fato de que, mesmo se colocando “às contingências”, buscando, se expondo e desejando muito encontrar o grande amor de sua vida, nada se desenrola e ela continua sozinha e infeliz, inclinada a acreditar que seu antigo relacionamento destruiu sua capacidade de encontrar alguém que valha a pena. A palestrante continua fazendo inferências (sem evidências) sobre o possível medo de Chalotte, bem como de sua falta de desejo e pensamentos negativos. Carrie (com mais evidências) defende a amiga revelando sua incessante busca pelo relacionamento, não o perfeito, mas o possível, gentil e generoso (nada de mais para alguém que se autorrespeita e acredita no amor conservador, como Charlotte).
Sabe-se que depois de fortes exposições às contingências do amor, muita luta e algumas renúncias, Chalotte finalmente consegue viver sua linda história de amor. Mas é importante dizer que ela, com sua assertividade quase impulsiva, sempre buscou se autorrespeitar, cuidando para “dar conta” daquilo que realmente “dava conta”, sem violências. Ela queria viver um amor e colher frutos deste bom relacionamento, e para isso sofreu variados tipos de consequências e se apegou às consequências que apontavam para as possibilidades de ter seus desejos realizados. Ela encontrou não o príncipe encantado como esperava, mas sim o homem mais bondoso e amável de todos que já passaram por sua vida (relatos da personagem). 
Como foi dito, buscar e viver histórias de amor exigem respostas muito caras (como qualquer outra vivência humana). Mas as consequências desta exposição valem o sacrifício? Talvez sim. As probabilidades de se realizar um desejo podem aumentar com nossos comportamentos em direção ao que é desejado. Além disso, as respostas podem ficar mais apuradas e seletivas com uma complexa seleção pelas consequências de nossos atos. 
Sou inclinado a acreditar que as vivências amorosas não se sustentam pelo nosso desejo; elas são o resultado de complexas eventualidades e interações com o mundo. Em outras palavras, podemos dizer que o desejo de viver uma histórias de amor, bem como viver de fato esta história, é dependente de uma complexa rede onde a cultura, os contextos, os comportamentos e suas consequências estão interligados. Estar nesta rede de múltiplos eventos não é tarefa fácil e muitas vezes emitimos comportamentos que podem intensificar algumas consequências negativas de determinados comportamentos.
Neste sentido, é preciso saber daquilo que "damos conta" no amor, ou seja, saber quais comportamentos podem ser emitidos cujas consequências estaremos fortes para enfrentar. Talvez o jogo aqui seja assumir verdadeiramente aquilo que "damos conta" e não aquilo que a gente adota só pra provar ao outros que somos capazes. É um custoso exercício de autoconhecimento. E para se ter um bom nível de autoconhecimento, aqueles/aquelas que buscam viver relacionamentos eróticos e amorosos, conservadores ou não, precisam estar atentos às contingências (contextos e consequências ligados aos seus comportamentos) do fenômeno erótico/amoroso para se ter sucesso nas realizações de seus desejos.


quarta-feira, 16 de novembro de 2016

A Análise do Comportamento na Prática Clínica: Utilizando o Modelo Selecionista Para Compreender as Queixas dos Indivíduos.

Profissionais da Psicologia em sua prática clínica se deparam com fenômenos diversos. Entendem que o indivíduo precisa ser acolhido e que seus comportamentos precisam ser analisados desde a raiz até o presente momento. Assim, será possível revelar as variáveis responsáveis pela aquisição e manutenção dos comportamentos e, assim, prever ocorrências no futuro.

Os comportamentos que são de interesse dos psicólogos e analistas do comportamento são resultado da interação entre os organismos e os ambientes ao longo de uma linha temporal. A concepção do que vem a ser comportamento a partir de uma visão científica foi desenvolvida pelo pesquisador B. F. Skinner em 1945 com a proposição da filosofia BEHAVIORISMO RADICAL.


O Behaviorismo ou comportamentalismo é uma atividade filosófica que se ocupa, principalmente, de questões acerca da natureza do comportamento humano e quais são os meios adequados para estudá-lo (Moreira, 2007). O termo RADICAL vem de RAIZ (origem). Assim, Behaviorismo Radical é a atividade filosófica, cujo objeto de análise é o comportamento a partir de suas origens.

Parte da compreensão dos fenômenos comportamentais se faz possível a partir do Modelo Selecionista, cuja origem do termo se origina da teoria evolucionista da Seleção Natural de Charles Darwin e Alfred Wallace para explicar a origem das espécies. Na Seleção Natural, membros de uma mesma espécie com características mais adaptativas ao ambiente em que vivem têm mais chances de sobreviver e de passar suas características aos seus descendentes. Skinner amplia o modelo selecionista ao estendê-lo para a esfera ontogenética e cultural. Assim, não é só na origem das espécies (filogênese) que a seleção atua, também na história de vida do indivíduo (ontogênese) e nas práticas culturais de um povo (Skinner, 1953/2000).


O Modelo Selecionista não recorre somente às explicações biológicas/genéticas como determinantes dos comportamentos. Por meio da ontogênese e da cultura, os comportamentos, frutos das interações entre os organismos e os ambientes, são selecionados ou não por suas consequências. Assim, o clínico emprega o raciocínio selecionista na compreensão de como os comportamentos dos clientes foram adquiridos e estão sendo mantidos.


Exemplo: Queixa de ansiedade ou diagnóstico de Transtorno de Ansiedade Generalizada (CID:F41.1). Após identificar os comportamentos que caracterizam a ansiedade (respostas biológicas, pensamentos, padrões de fuga/esquiva, etc), é necessário contextualizar as situações passadas e atuais a ela relacionadas.

• Quais são as variáveis determinantes da ansiedade e por que ela se mantém no contexto atual? Qual é a função da ansiedade na vida de um indivíduo específico?

O Modelo Selecionista ajuda o clínico a responder as questões acima pautando sua análise por meio das seguintes reflexões:

     • Por mais que um padrão comportamental esteja trazendo problemas a alguém, por mais que este alguém esteja insatisfeito com sua forma de agir, tais comportamentos foram fortalecidos no passado em um ou mais contextos.

     • Tais comportamentos foram funcionais ao remover, evitar ou atenuar punições ou a garantir reforçadores positivos.

     • Dizer que os comportamentos são produtos da interação entre os organismos e os ambientes ao longo de uma linha temporal e que é nesta interação que encontraremos as variáveis de aquisição e manutenção dos comportamentos, é dizer que esta análise trará mais coerência entre o que aconteceu no passado com o que ocorre no presente da vida dos indivíduos.

Questões Éticas

Alguns aspectos éticos em Psicologia envolvem a questão da mudança comportamental. Para o analista do comportamento, é fundamental avaliar as contingências que levam alguém a querer mudar, ou seja, mais importante do que querer ou não mudar, é o que leva alguém a querer ou não mudar. Em algumas situações, respostas que trazem consequências punitivas, podem ser fortalecidas em outras ocasiões. Assim, os padrões comportamentais precisam ser compreendidos a partir das variáveis atuantes ao longo do desenvolvimento do indivíduo. Padrões do comportamentos que são socialmente indesejáveis, também podem gerar benefícios para um indivíduo específico. Apenas produzir alterações na vida das pessoas sem considerar a seleção comportamental, além de ser um atropelo à identidade do sujeito, pode também gerar mais prejuízos do que ganhos.

Referências

Moreira, M. B. (2007). Curtindo a vida adoidado: Personalidade e causalidade no behaviorismo radical. Em A. K. C. R. de-Farias & M. R. Ribeiro (Orgs.), Skinner vai ao cinema (pp. 11-29). Santo André: ESETec.

Skinner, B. F. (1953/2000). Ciência e Comportamento Humano (J. C. Todorov & R. Azzi, trads.). São Paulo: Martins Fontes. 
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