quinta-feira, 7 de julho de 2011

Relembrando e Relatando Traumas em Psicoterapia

     O trauma diz respeito a um tipo de dano psicológico provocado por eventos aversivos. Em outras palavras, um trauma pode acontecer em decorrência de situações em que estão presentes elementos (estímulos) estressores, coercitivos e/ou ameaçadores para a pessoa.


Dependendo da intensidade da situação aversiva, seus subprodutos (medo, ansiedade, culpa, esquiva, fuga, pânico, etc.) podem continuar afetando o organismo mesmo não estando presente no momento atual de vida da pessoa. Isso acontece por que a lembrança, o relato, ou qualquer outro comportamento que “evoque” a situação estressora, sinaliza o reaparecimento dos elementos que compõe o evento aversivo e suas consequências danosas. Relembrar e relatar eventos traumáticos também podem produzir angustia, ansiedade, medo e desconforto geral na pessoa; a esquiva de relembrar e  relatar contribui para que a pessoa não sinta o mesmo desconforto  da situação traumática original fazendo com que o indivíduo não se sinta ameaçado e que se sinta “confortável”. Sendo assim, é possível compreender alguns motivos pelos quais as pessoas evitam relembrar e relatar um evento traumático em psicoterapia; e esse comportamento de evitar contato (relembrando e relatando) com a situação aversiva prejudica o processo terapêutico quando a queixa principal está relacionada ao trauma.
     Como o objetivo central da psicoterapia é contribuir para a resolução das queixas dos clientes, é preciso que os clientes relembrem e relatem sobre eventos de sua história que podem ter contribuído para a manutenção de seus comportamentos (pensamentos, sentimentos, ações, etc.) atuais.
     Considerando que esse processo pode gerar sofrimento para os clientes é preciso investir na relação terapêutica para que o cliente se sinta seguro em falar sobre os elementos aversivos de sua história e, além disso, é importante que o psicoterapeuta busque bloquear os comportamentos de esquiva para que o cliente entre em contato com sua história e seus danos. Tanto o vínculo terapêutico quanto o bloqueio da esquiva contribuem com o enfraquecimento de padrões comportamentais que envolvem o “esquivar-se” de lembranças e relatos dos eventos aversivos.
     Entrar em contato com estímulos aversivos em psicoterapia produz não só sentimentos “negativos”, mas também ajuda o cliente a reduzir os efeitos da situação aversiva por meio da aprendizagem de novas alternativas para lidar com seus traumas (Kohlenberg e Tsai, 1991/2001).

Compreendendo alguns termos
Esquiva: Comportamento em que o organismo evita entrar em contato que estímulos que lhe foram danosos no passado.
Eventos Aversivos: Algo que gera incômodo, dor física e emocional, constrangimento, etc.
Os eventos aversivos podem gerar ansiedade, medo, desprazer, fuga e esquiva, além disso, podem contribuir para a aprendizagem de comportamentos agressivos.
Padrões Comportamentais: Formas em que o organismo apresenta uma maneira de se comportar que sempre se repete em situações semelhantes.

Sugestão de leitura
Kohlenberg, R. J. & Tsai, M. (1991/2001). Psicoterapia analítica funcional: Criando relações terapêuticas intensas e curativas (F. Conte, M. Delitti, M. Z. da S. Brandão, P. R. Derdyk, R. R. Kerbauy, R. C. Wielenska, R. A. Banaco, R. Starling, trads.). Santo André: ESETec.
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