quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Para não esquecermos de Skinner...

 
"Você não pode impor felicidade. Você não pode em última instância, impor coisa alguma. Nós não usamos a força! Tudo que precisamos é engenharia comportamental adequada."
Burrhus Frederic Skinner
"A humanidade não se divide em heróis e tiranos. As suas paixões, boas e más, foram-lhe dadas pela sociedade, não pela natureza".
Charles Chaplin

Ao ler a frase acima, me lembrei de um breve texto que escrevi neste blog sobre a interação entre a biologia e os eventos ambientais na construção dos comportamentos.

domingo, 27 de outubro de 2013

God Bless America: Uma Análise Comportamental da Civilidade


 God Bless America é um longa-metragem de 2011 que conta a história de Frank Murdoch que se vê envolto a atual sociedade americana repleta de apoio às guerras, políticas conservadoras, programas de entretenimento de massas e com pessoas naufragadas em uma pseudo liberdade. Para Frank, estes não são os únicos elementos coercitivos de sua vida particular, pois ele conta com outra série de dificuldades: perdeu o emprego que tinha há 11 anos por acusação de assédio sexual, está divorciado, tem uma filha materialista que o odeia e descobriu ter um tumor no cérebro. Dadas estas contingências, Frank decide se matar, mas antes comete o assassinato de uma adolescente injusta e mal criada. Após o assassinato o protagonista se envolve com uma garota chamada Roxy, que compartilha dos mesmos sentimentos e interesses de Frank.
Decidido a não se matar, Frank, aliado a Roxy, viaja pelos EUA fazendo justiça para os injustiçados. God Bless America é um filme cheio de humor negro e com uma importante crítica aos fenômenos atuais de nossa sociedade. As personagens, por meio de suas ações, se tornam divindades para aqueles que concordam e compartilham a ideia de que viver é estar em contato constante com a falta de civilidade dos outros e que a morte é uma alternativa para lidar com este evento da vida.
Partindo da ilustração do filme, podemos refletir sobre o que vem a ser, de fato, civilidade. Conceitualmente, civilidade significa cortesia e boas maneiras em sociedade. Mas do ponto de vista da psicologia, civilidade pode significar respeito, tolerância, compreensão, sabedoria, etc. E neste possível sentido, as pessoas de fato não vivem em um mundo civilizado, pois se assim vivessem, poderiam se sentir livres e respeitadas no mesmo grau. Por que eu acho que isso não acontece? Porque entendo que ter civilidade é ter uma capacidade comportamental que vai além de boas habilidades sociais de "por favor", "obrigado", "Eu não concordo, mas te respeito". Com meu humilde conhecimento, entendo que ser dotado de civilidade é ser um indivíduo autoconsciente, capaz de solucionar problemas com respeito, capaz de avaliar as imposições culturais e capaz de perceber os danos que causa ao reproduzir uma prática cultural coercitiva.
Se analisarmos o fenômeno da civilidade do ponto de vista da análise do comportamento podemos levantar uma importante variável que colabora para a manutenção da falta de civilidade que encontramos na sociedade: A prática coercitiva - ao longo da história da humanidade as práticas coercitivas (violências, imposições, ameaças, etc) são aprovadas pela cultura, pois se sabe que uma ação coercitiva tem efeito imediato sobre as pessoas, que buscam se comportar em acordo com o que se esperam delas para que assim não sofram a coerção já sofrida ou a prometida. Em outras palavras, as práticas coercitivas podem ser entendidas como o uso de contingências de reforço negativo e de punição para controlar as pessoas¹.
Esta variável pode ser bem percebida no filme God Bless America que critica as imposições sociais de estilo de vida, convicções políticas e religiosas e o uso da humilhação e ridicularização para entreter as pessoas. As personagens, por sua vez, também agem de forma coercitiva quando decidem assassinar aqueles que por seus comportamentos danosos à sociedade "merecem morrer".
A alternativa extremista das personagens me fez pensar sobre o que de fato poderia resolver a falta de civilidade das pessoas, bem como a coerção praticada e reproduzida em nossa sociedade. A única coisa que consigo pensar (até o momento) é em educação, mas não no modelo atual, que também é punitivo sobre vários aspectos. Uma prática educativa deve ser capaz de produzir comportamentos que, como já foi dito, ultrapassem as margens das boas maneiras. É preciso ensinar às pessoas a importância do autoconhecimento, da autocrítica e da autopercepção. Na minha humilde opinião, estas habilidades são transformadoras e podem ser adquiridas por vários meios; a psicoterapia é uma deles.
Entendo que civilidade, no sentido aqui empregado, não se aprende de forma rápida e nem pode ser ensinada às pessoas da mesma forma, mas é preciso tentar, mesmo que de forma individual. Buscar conhecimentos para ser melhor civilizado é um ótimo recurso, compartilhar estes conhecimentos é muito nobre, é ter também civilidade.
Para terminar gostaria de lembrar que existem algumas regras importantes de serem seguidas e uma muito valiosa é ilustrada no filme quando Frank diz: “Obrigado por não conversar durante o filme. Obrigado por desligar o celular”.

1 - Ler Murray Sidman (1989/1995) Coerção e suas implicações.

domingo, 13 de janeiro de 2013

B. F. Skinner (1904-1990)
"O objetivo do Behaviorismo é eliminar todo tipo de coerção, transformando o ambiente e ajustando o que nos controla."

sábado, 12 de janeiro de 2013

Amor Entre Gatos e Ratos.


"Nada é mais natural do que o amor do gato pelo rato"


É com esta frase que o chinês ZingYang Kuo defendeu a importância do ambiente na formação dos comportamentos dos gatos e, evidentemente, dos humanos.

Por meio de suas pesquisas com gatos, Kuo começou a apontar que a plasticidade do comportamento era dependente das condições do meio ambiente, como também defendia J. B. Watson em 1924. Estas ideias contrapunham as “teorias do instinto” ou as “teorias dos comportamentos inatos” que consideravam boa parte dos comportamentos como rigidamente determinados pelas características inatas das espécies.

 Kuo criou gatos em diferentes condições ambientais, onde também haviam gatos sendo criados com ratos. Embora Kuo tenha observado que os gatinhos criados sozinhos com um rato desde muito pequeninos não só nunca atacaram o seu rato, mas brincavam e eram afetuosos com ele, também teve de considerar que algumas características inatas também se revelavam quando os gatos viam seus pares matando ratos e, por imitação, também caçaram alguns ratos.

Os dados de Kuo evidenciam, mais uma vez na literatura científica, que há uma importante reciprocidade e aproximação entre as determinações ambientais e constituições genético-inatas para a formação dos comportamentos. Neste sentido a ideia da plasticidade comportamental pode ser melhor contemplada.
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