quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Algumas Considerações Sobre Relacionamentos Amorosos e Psicologia Comportamental em "Sex and the City".

Como um amante das ciências, quando penso nos contextos que contribuem para nossas derrotas ou vitórias nos relacionamentos amorosos, já sou inclinado a pensar que as contingências do amor são complexas, exigentes e que o custo para responder a tais contingências pode ser caro e desgastante. Mas geralmente as pessoas não evitam fortemente as vivências amorosas, pois o que aprenderam com a cultura é que as consequências de uma boa relação amorosa podem valer o preço pago. Considerando este breve apontamento, vou ilustrar o tema com o relato de uma cena do seriado Sex and the City.
 
Certa vez, Charlotte (a romântica, fina e assertiva) e Carrie (a consumista, heroína e também assertiva) vão a uma palestra sobre relacionamentos amorosos em que a profissional palestrante aponta que a conquista e o desenrolar da vida amorosa depende essencialmente de uma postura mais afirmativa quanto ao que realmente é desejado. Chalotte questiona o fato de que, mesmo se colocando “às contingências”, buscando, se expondo e desejando muito encontrar o grande amor de sua vida, nada se desenrola e ela continua sozinha e infeliz, inclinada a acreditar que seu antigo relacionamento destruiu sua capacidade de encontrar alguém que valha a pena. A palestrante continua fazendo inferências (sem evidências) sobre o possível medo de Chalotte, bem como de sua falta de desejo e pensamentos negativos. Carrie (com mais evidências) defende a amiga revelando sua incessante busca pelo relacionamento, não o perfeito, mas o possível, gentil e generoso (nada de mais para alguém que se autorrespeita e acredita no amor conservador, como Charlotte).
Sabe-se que depois de fortes exposições às contingências do amor, muita luta e algumas renúncias, Chalotte finalmente consegue viver sua linda história de amor. Mas é importante dizer que ela, com sua assertividade quase impulsiva, sempre buscou se autorrespeitar, cuidando para “dar conta” daquilo que realmente “dava conta”, sem violências. Ela queria viver um amor e colher frutos deste bom relacionamento, e para isso sofreu variados tipos de consequências e se apegou às consequências que apontavam para as possibilidades de ter seus desejos realizados. Ela encontrou não o príncipe encantado como esperava, mas sim o homem mais bondoso e amável de todos que já passaram por sua vida (relatos da personagem). 
Como foi dito, buscar e viver histórias de amor exigem respostas muito caras (como qualquer outra vivência humana). Mas as consequências desta exposição valem o sacrifício? Talvez sim. As probabilidades de se realizar um desejo podem aumentar com nossos comportamentos em direção ao que é desejado. Além disso, as respostas podem ficar mais apuradas e seletivas com uma complexa seleção pelas consequências de nossos atos. 
Sou inclinado a acreditar que as vivências amorosas não se sustentam pelo nosso desejo; elas são o resultado de complexas eventualidades e interações com o mundo. Em outras palavras, podemos dizer que o desejo de viver uma histórias de amor, bem como viver de fato esta história, é dependente de uma complexa rede onde a cultura, os contextos, os comportamentos e suas consequências estão interligados. Estar nesta rede de múltiplos eventos não é tarefa fácil e muitas vezes emitimos comportamentos que podem intensificar algumas consequências negativas de determinados comportamentos.
Neste sentido, é preciso saber daquilo que "damos conta" no amor, ou seja, saber quais comportamentos podem ser emitidos cujas consequências estaremos fortes para enfrentar. Talvez o jogo aqui seja assumir verdadeiramente aquilo que "damos conta" e não aquilo que a gente adota só pra provar ao outros que somos capazes. É um custoso exercício de autoconhecimento. E para se ter um bom nível de autoconhecimento, aqueles/aquelas que buscam viver relacionamentos eróticos e amorosos, conservadores ou não, precisam estar atentos às contingências (contextos e consequências ligados aos seus comportamentos) do fenômeno erótico/amoroso para se ter sucesso nas realizações de seus desejos.


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